Cuidar de uma criança com autismo traz desafios únicos que vão muito além do amor e dedicação que todos os pais naturalmente oferecem. Terapias especializadas, consultas médicas frequentes, adaptações no ambiente doméstico e, muitas vezes, a necessidade de um dos responsáveis reduzir sua jornada de trabalho ou mesmo deixar o emprego para dedicar-se integralmente aos cuidados – tudo isso representa não apenas um desafio emocional, mas também financeiro para milhares de famílias brasileiras.
O que muitos pais e responsáveis desconhecem é que existe um direito garantido por lei que pode ajudar a aliviar parte desse peso financeiro.
O BPC é um benefício assistencial que garante o pagamento mensal de um salário mínimo para pessoas com deficiência, incluindo crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que estejam em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
“O BPC não é uma esmola ou favor do governo, mas um direito legalmente garantido às famílias. A lei brasileira já reconhece o autismo como deficiência para fins legais, o que é uma importante conquista para essas famílias,” explica a Dra. Inês Zembruski, advogada especialista.
Diferente de outros benefícios, o BPC não exige contribuição prévia ao INSS, pois trata-se de um benefício assistencial, não previdenciário. Isso significa que mesmo que os pais nunca tenham contribuído com a previdência, a criança autista pode ter direito ao benefício.
Para que uma criança com autismo possa receber o BPC, é necessário atender a alguns requisitos básicos:
“Um ponto importante que muitas famílias desconhecem é que, embora a lei estabeleça que a renda familiar per capita deva ser inferior a 1/4 do salário mínimo, a jurisprudência tem flexibilizado esse critério. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que esse limite pode ser relativizado considerando as circunstâncias específicas de cada caso,” ressalta a Dra. Inês Zembruski.
Isso significa que mesmo que a renda familiar esteja um pouco acima desse limite, ainda é possível buscar o benefício, especialmente considerando os gastos extraordinários que uma família com criança autista costuma ter.
O processo para solicitar o BPC envolve algumas etapas:
“Infelizmente, muitos pedidos são negados na primeira análise, mesmo quando a família tem direito. Por isso, recomendo fortemente buscar orientação jurídica especializada desde o início do processo. Um advogado com experiência nessa área pode ajudar a preparar a documentação adequada, acompanhar as perícias e aumentar significativamente as chances de aprovação,” orienta a Dra. Inês Zembruski.
Caso o benefício seja negado, não desanime. Existem recursos administrativos que podem ser apresentados ao próprio INSS e, caso necessário, é possível ingressar com ação judicial.
“Grande parte dos benefícios negados administrativamente são concedidos na via judicial. O judiciário costuma ter uma visão mais humanizada da situação dessas famílias e considera fatores que muitas vezes passam despercebidos na análise inicial do INSS,” explica a Dra. Inês Zembruski.
O valor de um salário mínimo mensal pode fazer uma diferença significativa na qualidade de vida de uma criança com autismo. Esse recurso pode ser utilizado para:
Mais do que o valor financeiro, o reconhecimento desse direito representa o reconhecimento pela sociedade das necessidades específicas dessas famílias.
Se você é responsável por uma criança com diagnóstico de TEA, não deixe de verificar se ela tem direito ao BPC.
“Oriento as famílias a não tentarem navegar sozinhas por esse processo burocrático. Busque um advogado especializado que possa orientar adequadamente sobre cada etapa e aumentar suas chances de sucesso. Lembre-se que este é um direito do seu filho e que pode fazer uma diferença significativa em sua qualidade de vida e desenvolvimento,” conclui a Dra. Inês Zembruski.
O caminho para garantir os direitos de uma criança com autismo pode ser desafiador, mas você não precisa percorrê-lo sozinho. Com informação e apoio adequados, é possível assegurar que seu filho receba o suporte financeiro a que tem direito por lei, contribuindo para seu desenvolvimento e bem-estar.